28/07/2020 1759
Foto: Carina Venzo Cavalheiro
Saúde, satisfação, emoção. A agricultura pode oferecer isso e muito mais. Pode trazer renda e manter os filhos por perto, dando seguimento à nobre missão de promover a vida e a saúde das pessoas através do alimento seguro, em qualidade e quantidade defendidas pela tão propagada segurança alimentar sustentável.
A cada ano, a data que celebra o ser Agricultor ou Agricultura, 28 de julho, reforça a importância de garantir o “alimento nosso de cada dia” e, nesse momento, o papel da Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) prestado pela Emater/RS-Ascar há 65 anos fica evidenciado na busca pela melhoria das condições de vida e de produção no meio rural.
“Ser agricultora é um prazer muito grande, por poder cuidar da terra. O que me mostra que estamos nesse caminho certo é que esse cuidado volta na forma de saúde. A gente vê que os pais, apesar de mais de 60 anos, não têm colesterol, nem diabetes ou hipertensão, nada dessas doenças tão comuns em pessoas dessa idade. Como agricultora ecologista, a gente vê também que não precisa consumir nenhum tipo de remédio de farmácia, mas pode tratar todos os problemas com remédios que vêm da natureza, da terra”. A avaliação é de Franciele Bellé, jovem agricultora de Antônio Prado, 26 anos, coordenadora da Associação Agroecológica, que realiza a Feira de Agricultores Ecologistas do Bonfim. Para ela, a maior alegria é ver que os três filhos não adoecem, mal se gripam. “Percebemos que, em oito anos, idade da nossa filha mais velha, e os demais têm seis e cinco anos, eles mal sabem o que é um médico, um hospital, o que é tomar remédio. Não tomam antibióticos, não precisam buscar ajuda da medicina, porque têm uma alimentação boa, vivem num ambiente tranquilo e seguro, que traz todos esses benefícios para a vida deles”, diz Franciele, ao salientar que “esse retorno da natureza em forma de saúde é o que faz valer a pena todo esse processo de produzir alimentos saudáveis e todos os esforços que a gente faz. A mãe sempre diz que ‘quem dá recebe, quem cuida é cuidado’. Esse é o segredo da vida na natureza”.
No Sul do Estado, no município de Morro Redondo, a família de Djanira Lopes Nizolli, produtora orgânica em transição, é uma das seis participantes do PAA Municipal, que entregou na semana passada alimentos para 200 famílias em vulnerabilidade social. Há quatro anos começou com uma pequena horta e hoje toda a área é produzida sem o uso de produtos químicos ou agrotóxicos. “É gratificante poder levar à mesa das famílias um alimento com qualidade, orgânico, livre de agrotóxico”.
“O trabalho em meio à natureza, mesmo sendo o mesmo serviço, cada dia é diferente, não tem rotina, e isso é gratificante, pois sempre estamos aprendendo e buscando ser melhor no que fazemos e em como somos”. A afirmação é do pecuarista familiar André da Costa Marks, 38 anos, morador do Rincão São Braz, em Santo Antônio das Missões, na Fronteira Oeste do RS. Ao falar sobre ser agricultor, afirma que o gosto pela atividade da pecuária herdou do pai. Pecuarista familiar, avalia que trabalhar com ovelhas com aptidão para lã e gado de corte, com produção de terneiros em cima de campo nativo do Bioma Pampa, é um aprendizado diário, “onde o tempo de espera é compensado com o resultado do trabalho do conjunto natureza e homem”.
Wellinton Rafael Bernardi é outro jovem agricultor e reside em Arroio do Tigre, onde trabalha com a produção de hortifrutis, como alface, temperos, pepino, tomate, laranja, melancia, melão e morangos, entre outros. Comercializa a produção na região Centro-Serra, em supermercados e direto ao consumidor e, através da Associação Sabores da Nossa Terra, acessa programas como o Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o de Aquisição de Alimentos (PAA), atendendo comunidades carentes e escolas municipais. Para ele, ser agricultor é gratificante, pois trabalha no próprio empreendimento rural e faz seu horário. “A saúde nos motiva a produzir, desde 2016, sem ou usando o mínimo de agrotóxicos, entregando ao cliente um produto limpo de resíduos tóxicos”, diz. A propriedade da família de Wellinton é modelo na região do Alto da Serra do Botucaraí e visitada por muitas pessoas, “que comprovam que a diversificação muda a vida de uma família”, afirma.
Na Região Metropolitana de Porto Alegre, em Viamão, Seleni de Fátima de Lima, 40 anos, casada, mãe de dois filhos, uma de 15 e outro de dois anos, é agricultora familiar há 25 anos, “com muito orgulho, dos quais há 14 anos sou agricultora orgânica”. Para ela, o Dia do Agricultor ou da Agricultora “é marcante e comemorado, porque temos a certeza que a agricultura familiar dá suporte, com o alimento, a grande parte da população brasileira. Trabalhamos muito e nosso dia a dia é bem puxado, mas vale a pena porque contribuímos com alimento saudável e limpo para grande parte da população, o que nos orgulha muito”.
SEGURANÇA E SOLIDARIEDADE
Maicon Bosenbecker, 21 anos, é agricultor desde pequeno e trabalha com produção de hortifrútis, como repolho, tomate, pimentão, couve, couve-flor e alface. Pela primeira vez participa do PAA em Morro Redondo e diz estar muito feliz. “É um excelente programa de incentivo ao pequeno produtor, pois tem bons preços estabelecidos e beneficia famílias carentes”.
Ana Paula Rosa dos Santos, beneficiária do PAA de Sobradinho, é mãe de quatro filhos e moradora do bairro União. “Estou aqui para fazer um agradecimento às famílias agricultoras pelos alimentos doados nesse momento de situação crítica que nos encontrávamos. Esses alimentos saudáveis, orgânicos, beneficiam a saúde e, por isso, a gente pode aproveitar tudo, da casca até a raiz. Quero agradecer e dizer muito obrigada a todos os agricultores pelo dia”, afirmou.
Noeli Savacinski, consumidora da feira do produtor de Campinas do Sul, na região Noroeste, também agradece e parabeniza os agricultores pelo seu dia. “Sou dona de casa, servidora pública, cliente assídua da Feira do Produtor. Todos os finais de semana adquiro produtos da Feira, porque são produtos confiáveis e de qualidade, e me sinto segura em oferecer para minha família esses alimentos. Neste Dia do Agricultor, queremos parabenizar a todos que produzem e cultivam e nos oferecem a oportunidade de ter esses alimentos em nossa mesa. Parabéns colono e agricultor”, exclama.
Maria Arlinda Daroit, presidente do Conselho de Alimentação Escolar de Soledade, ao reconhecer o trabalho do agricultor, ressalta que a agricultura brasileira coloca, a serviço da humanidade, os princípios da tecnologia e do conhecimento, “duas grandes moedas”, avalia, ao citar as visitas dos representantes do Conselho a escolas municipais, comprovando que a alimentação fornecida para os alunos advém de uma organizada agricultura familiar, através de suas cooperativas. “Minha homenagem, reconhecimento e o agradecimento pelo incansável trabalho em benefício da humanidade”, parabeniza.
REPRESENTATIVIDADE E HOMENAGENS
Através do trabalho como professora e pesquisadora, Ilza Girardi, coordena o grupo de pesquisa de Jornalismo Ambiental da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Ufrgs. “Através da defesa intransigente do meio ambiente em todas as suas dimensões, conheci a agricultura e passei a valorizar e a respeitar o trabalho das agricultoras e agricultores. O meu contato é muito mais próximo da Agroecologia, que é praticada por homens e mulheres que têm uma forte consciência ecológica e que produzem alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, fundamentais para a manutenção da nossa saúde”, diz, ao ressaltar sua homenagem e gratidão “a todas agricultoras e agricultores que dedicam sua existência para que possamos existir”.
Presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Alexandre Guerra, também expressa homenagem e o agradecimento “a todas as pessoas que se dedicam a produzir alimentos, em especial a todas as famílias produtoras de leite, de forma diária, com muita dedicação, trabalho e profissionalismo. Que através desse alimento possamos proporcionar alegria e satisfação em todos os lares”.
Vergílio Perius, presidente do Sistema Ocergs/Sescoop, dedica uma “saudação especial a todos os agricultores do RS, aqueles que fazem a riqueza gerar da terra. Mas principalmente quero saudar, em nome da Organização das Cooperativas do nosso Estado, os 343 mil produtores rurais e agricultores que participam do sistema cooperativista gaúcho. Um grande abraço a todos”.
Geraldo Sandri, presidente da Emater/RS, ao celebrar o Dia do Agricultor, dedica “uma grande homenagem a todos os agricultores e suas famílias do nosso Rio Grande do Sul. Agricultores, esses que são verdadeiros heróis, porque levam o alimento até a mesa de todos os gaúchos e ajudam a economia do Estado”, diz Sandri, ao citar que mais de 40% do PIB do RS vem da agropecuária. “Então, em nome da Emater do RS, de todos os 2.000 extensionistas, quero fazer aqui um reconhecimento aos nossos agricultores. Muito obrigado por tudo que vocês fazem por todos nós, em especial neste ano, com muitos eventos que comprometeram a produção e a renda dos nossos agricultores. Então, parabenizo e agradeço o trabalho que vocês fazem. Contem sempre com a nossa Instituição. A Emater/Ascar é um patrimônio dos gaúchos, e presta um serviço de qualidade e com dedicação a cada um dos senhores. Muito obrigado, e parabéns”, finaliza.
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